terça-feira, 13 de maio de 2008

Denise Stoklos

“Teatro essencial é aquele que o ator é o autor, diretor e coreógrafo de si mesmo. Seus instrumentos são o corpo. Com o corpo ele desenha o espaço, com sua voz ele mostra o afeto do personagem e com seu pensamento, sua memória e sua intuição ele constrói a dramaturgia, isso é, ele une a voz e o pensamento"

Denise Stoklos

A atriz Denise Stoklos é uma paranaense nascida na cidade de Irati que entrou para a história do teatro brasileiro por ter conquistado um dos maiores espaços mundiais, com apresentações no Oriente, em todas as Américas e em toda a Europa, sendo a atriz, diretora e autora que mais representou sua peça pelo mundo . Também é a única brasileira que representa suas peças em inglês, francês, espanhol, ucraniano, russo e alemão. Em 1979 estudou em Londres e produziu seu primeiro solo: “Denise Stoklos – One Woman Show”. Em 1994 foi considerada a melhor atriz pelo festival de Artes de Edimburgo. Em 1993, completando 25 anos de profissão, lança, entre outros volumes, o Teatro Essencial, livro que disserta sobre seu teatro, pensamentos e produções solo. No primeiro semestre do ano 2000 tornou-se professora da Universidade de Nova Iorque para lecionar sobre seu método, Teatro Essencial, na cadeira de Performance Composition do Departamento de Performance Studies, para mestrandos e doutorandos.

O seu trabalho é conhecido como Teatro Essencial, no qual o ator é o autor, diretor e coreógrafo de si mesmo . Seus instrumentos estão contidos no corpo, contrapondo-se à mídia, dispensado a tecnologia. Do corpo saem o gesto, o espaço e o movimento. Da voz saem as palavras, a sonoridade e o canto. Da intuição o ritmo, a emoção e a dramaturgia. Nada mais em cena do que a ambientação cênica para uma presença humana e apenas a solidão assumida pode proporcionar ao seu criador (ator) uma chance de transformação. O ator ou a atriz torna-se a própria mensagem em si e a platéia torna-se “interlocutora do monologo”, pela ausência de efeito, numa encenação solitária que se esvanece no tempo, como a essência da vida . Por isso seu tema sempre será de encontro à natureza humana, tanto na busca pela sua liberdade, quanto à eterna busca pelo amor.


Denise faz um teatro que sempre será político, pois trata de reflexões universais e inadiáveis, e seu público sempre será convidado ao questionamento, reflexão, ação e transformação de sua situação. Essa é a base primordial do essencial, um impacto sensível do teatro daquilo que tem como “sagrado”, o que a faz representar desde a China até Cuba. Um bom exemplo disso é sua peça “Casa” em que há a alusão a crise sócio-cultural do abandono em que submergiu o Brasil no período pós-ditadura militar, destruindo todas as relações de confiança e solidariedade de uma nação. Ou em “M” em que ela desconstrói o tema do amor, junto ao sonho de liberdade humana.

Em suma, o teatro essencial é um teatro feito anarquicamente, com liberdade total para a criação do ator, contrariando as regras e as lógicas. Segundo a própria Denise: “Não tenho hora, tenho espaço. Não trabalho o gesto, trabalho o vazio. Não alimento sentimentalismo, mas compaixão. Não desenho cenas, mas pedaços de dinâmicas planetárias. Não subentendo futuro, mas voracidade de presente. Não sou calma, mas urgente. Não usufruo folga, mas projetos. Não invento temas, descubro-os esperando espaço: minhas peças escrevem-se durante anos (...). Por isso teatro oferece: ao público uma oportunidade superior; ao ator, ao diretor, ao autor, uma oportunidade de disciplina sem regras” .

Entrevista Jô Soares: http://br.youtube.com/watch?v=32FELCU6Z2Q2Q
Site oficial: http://denisestoklos.uol.com.br/



R. P.
Ricardo Philippi

Nenhum comentário: