segunda-feira, 12 de maio de 2008

Amir Haddad.
















O mineiro em questão busca a horizontalidade. Trabalhando com essa proposta, juntamente a um teatro ritualístico espera poder tornar tudo parte de tudo. O espectador, público e atores ficam de igual para igual. Segundo Hadad, "deixa de haver a verticalidade do ator, do artista como Deus", é como se essa horizontalidade provocasse um estado de comunhão entre todos os presentes, o prazer seria quase místico.
Na busca por esse horizonte percebeu que pensava ter um discurso libertário , ele tinha um discurso ideológico sobre aquele trabalho coletivo. Percebia que sua palavra era definitiva, era a última e que os atores acabavam perdendo muito de sua capacidade de ação, de predisposição. Durante a ditadura brasileira ele percebia que o governo tirano se sobrepunha sobre a nação. E sem perceber ele produzia o mesma ditadura dentro do seu coletivo de trabalho. Negava violentamente a sociedade onde vivia e pensou em como modificar essa questão. À partir daí ele começa a se questionar sobre essa verticalidade, como ele se colocaria como diretor. Ao invés de se tornar um manipulador daquelas pessoas para chegar a um resultado que ele almejasse , preferiu agir como um estimulador da capacidade criativa dos outros. Tem consciência de que está sempre em processo.Prefere caminhar e correr todos os riscos juntos com os atores por isso estimula uma co-autoria para que os atores carreguem também uma certa responsabilidade, e um certo peso criativo . Por que muitas vezes os atores querem , ideologicamente, ser mandados, ser cafetinados , não querem ter nenhuma opinião sobre o mundo em que vivem, nenhuma reflexão sobre os seus processos criativos.


" Tiver de viver com a angústia e vivo com essa angústia de não saber onde vai dar o meu processo. Pode ser que dê certo, pode ser que não dê. "


" O diretor deixou de ter a função de ser o sopro divino sobre o ator, para que o ator inspirado por ele criasse , e passou a ser um facilitador do trabalho do ator, um demonstrador das estruturas ideológicas que impedem o pleno funcionamento criativo de cada um de nós cidadãos."
















Roger Batista.

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